domingo, 17 de janeiro de 2010

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A GARÇA ENCANTADA


Um casal por longos anos fizera cooper, contornando bucólica lagoa azul. Ao morrer a esposa, o esposo, dia após dia, posta-se à janela. Olha em direção à lagoa e sente impulso de fazer, ao menos mais uma vez, a saudosa caminhada. Algo na lagoa exigia sua presença; era como um chamado, e ele vai...

Giro a giro andou no lago, giro a giro o contornou
Sozinho sem sua amada, garça branca ele avistou.
Garça branca percebeste como triste caminhou?
Giro a giro andou no parque, giros plenos de saudade,
Sete voltas caminhadas, sétimo giro completou.

Garça branca que enfeitas a grama verde do lago
Como é nobre teu perfil esculpido em marfim raro
Templo grego de Ártemis em colunatas de mármore...
Vês como ele anda alquebrado, machucado e sem ardor?
Sete giros deu no parque, giros plenos de saudade.
Sete cravos transpassados. Sete lamentos de dor!

E a esposa ali presente, a própria garça encantada
Delicadeza do lírio, alvura e beleza da flor,
Espera afastar-se o amado e adeja em torno do lago.
Sete voltas deu no parque. Rasantes voos de saudade
Sete adeuses. Sete lágrimas. Iguais lamentos de amor!
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8***8&***

Um comentário:

  1. lindo poema com tom de melancolia que nos faz pensar que apesar de nossa alma e sentimentos somos somentes passaros viajeiros a voar rasante contra o circulo do tempo que apaga nosso rastro de voô deixando às nuvens apenas a sensação de que alguem voôu por ali... Parabéns por seu grande estilo de destilar a vida !!!

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