domingo, 21 de fevereiro de 2010

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A MORTE DE LAMPIÃO
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Depois de muitas tropelias, fugas, refregas com os poderes constituídos; depois de terem experimentado a grande aventura do amor, Lampião e Maria Bonita vêem sua boa estrela apagar-se. Foi numa madrugada do ano de mil, novecentos e trinta e oito. O cerco que os aniquilaria aconteceu na propriedade denominada Angico, no interior do estado sergipano. No dia em que foram sitiados, o bando havia acampado em uma clareira, às margens de um córrego na propriedade de um amigo. Surpreendidos, quedaram-se sem reação, pois nem um amiudar do latido dos cães os alertou da aproximação dos soldados.
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Na carnificina que se instalou, Maria Bonita caiu ao lado de Virgulino, depois de ter gritado dramaticamente seu nome. Pouquíssimos bandoleiros escaparam do massacre. Aqueles que não conseguiram fugir e ficaram presos na armadilha foram metralhados e, em seguida, degolados. Finda a missão, a volta dos soldados com suas fardas manchadas de sangue e armas acintosamente expostas, ficou gravada na memória dos sertanejos. Os versos de um cantador plasmaram aquele irrealístico momento:
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Eis que lá se vão as milícias
Em marcha e armas na mão
Metralharam os do cangaço
Sangraram a faca e facão
Somente depois da degola
Deram por finda a missão.
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O vilarejo de Angico ficaria marcado. As pedras do leito seco do rio permaneriam por muitos anos escarlates como para lembrar o morticínio. O lugar seria apontado como "o campo da cisalde".
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Segundo depoimentos posteriores, no ataque ao bando, as metralhadoras dos soldados matraquearam durante minutos. Somente silenciaram quando o coronel João Bezerra, um dos combatentes de maior autoridade no cerco, tivera certeza de que todos no acampamento já haviam sido abatidos. Depois de metralhados foram degolados e suas cabeças ficaram expostas por muitos anos em um museu da Bahia.
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Com o massacre de Angico, fechava-se o ciclo romanesco do cangaceirismo brasileiro. Naquela madrugada, por força de um intermitente fogo inimigo, tivera fim o imprevisível caso de amor de Lampião e Maria Bonita.
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